sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Taoismo: o Universo resumido em uma dualidade.

Segundo a filosofia taoista, 
os opostos não são de fato opostos, 
são dois lados dependentes.






Durante anos tenho pesquisado e lido tudo que me é possível ler sobre as religiões do mundo. Aprendendo sobre elas, aprendemos muitas coisas sobre o próprio mundo: correntes filosóficas, motivos que causaram fatos relevantes, e muito mais. Algumas religiões disponibilizam características que ajudam a interpretar o Universo e tudo que nele existe através de um conjunto de sistemas extremamente complexos, mas que ao mesmo tempo trazem resultados extraordinariamente simplistas. O Taoismo (ou "daoismo", ou ainda "tauismo") é um exemplo disto. É uma tradição milenar filosófico-religiosa da China que enfatiza a qualidade de vida como resultante da mais absoluta harmonia possível entre tudo que há de bom e de ruim no Universo. Para os taoistas, tudo que fazemos na vida tem que estar em acordo com o "Tao" ("Caminho" em Chinês). Este é mais um fato que me faz crer que todas as religiões do mundo tem fortes relações entre si. O caminho pregado pelo taoismo me faz lembrar uma frase que os cristãos afirmam que Jesus dizia constantemente: "Eu sou o Caminho."

O símbolo taoista mais conhecido no mundo
representa o "Yin" e o "Yang":
o Universo divido em duas partes opostas,
mas complementares.
O taoismo já estabelece o próprio "Caminho" como uma dualidade bem simples: ele é a fonte de tudo que existe e a força que move esse mesmo tudo que existe. Esse caminho não tem fim. Segundo os ensinamentos do "Tao Te Ching", uma espécie de "Bíblia" dos taoistas, o "Tao" é eterno - tal como o próprio Universo que, como sabemos, não tem limites (ou pelo menos os limites do Universo ainda não foram confirmados).
"Tao" quer dizer caminho, mas ao mesmo tempo pode significar "virtude". Por isto, o título "Tao Te Ching" tem três traduções muito suadas em português: "O Livro do Caminho", "O Livro da Virtude" e "O Livro do Caminho e da Virtude". Tradicionalmente sua autoria é atribuída a Lao Tse, um filósofo e alquimista chinês que teria vivido no século VII ou VI antes de Cristo (lembre-se: os anos anteriores a Cristo são contados em sentido inverso aos posteriores). Entretanto, alguns autores consideram que talvez ele nunca tenha existido, já que muitos textos chineses sobre ele são lendas. Uma delas conta que ele já nasceu velho, mas isto me parece apenas uma metáfora, posto que em praticamente todas as culturas do mundo a velhice é relacionada ao acúmulo de experiências vividas que geram sabedoria. Segundo muitos desses autores, o próprio nome do personagem é "criança velha" e ao mesmo tempo "jovem mestre", o que destaca ainda mais a metáfora. 
Apesar dos taoistas considerarem Lao Tsé como o autor do seu livro sagrado, mutos teólogos e filósofos consideram o Tao Te Ching como um texto filosófico relativamente curto, com pouco mais de cinco mil caracteres. Como cada caractere chinês representa uma palavra inteira, o livro é também conhecido como "O Texto de Cinco Mil Palavras". Para muitos estudiosos, o mais provável é que o livro tenha sido escrito por vários autores anônimos e de épocas diferentes.
"Tao" significa literalmente "O Caminho", mas todo livro sagrado é repleto de metáforas. A Bíblia é um exemplo disto. No caso do Tao Te Ching, o Tao não é apenas um caminho com sentidos filosófico e espiritual. Ele tem um sentido de absolutismo dividido em duas partes opostas e ao mesmo tempo complementares que os taoistas chamam de "Yin" e "Yang". Segundo eles, tudo que há no Universo surgiu desta dualidade e ainda se resume a ela. O "Yin" representa o princípio feminino; o Yang, o masculino. Ao Yin estão relacionados a Terra, a passividade, a escuridão e a absorção. A Yang, estão relacionados o céu, a luz e todas as atividades.
O princípio Yin-Yang estabelece que uma coisa só pode existir se houver seu oposto. De acordo com essa ideia, assim como para existir o homem é necessária a existência a existência da mulher e vice-versa, só há paz em algum lugar do mundo se houver guerra em outra parte, só é dia em uma parte do mundo quando é noite na outra, só há silêncio em algum lugar se houver barulho em outros, etc. 
Provavelmente vem daí um ditado muito conhecido entre nós: "Os opostos se atraem". Os cientistas parecem confirmar isto quando suas descobertas sempre revelam que todo átomo contém mesmo número de elementos com carga elétrica positiva (prótons) e negativa (elétrons), e os elétrons e prótons se atraem mutuamente. Transpondo isto para o que acontece ao longo de nossas vidas, observamos que qualquer ideia pode ser vista como seu oposto quando passa a ser visualizada a partir de outro ponto de vista.
É exatamente este o princípio básico dos ensinamentos no taoismo.  A dualidade universal representada pelo Yin e pelo Yang não é apresentada em definições, mas em analogias que buscam exemplificar expressões nos fatos que ocorrem em nossas vidas, relacionando nossas vidas a tudo que faz pare do Universo. O Yang, representado na figura pela parte branca, e o Yin (a parte preta) se integram num movimento contínuo de geração mútua, o que representa também a integração de todas as forças da natureza. Desta forma, o diagrama do Taiji (o desenho que mostra o Yin e o Yang) simboliza o conceito de que o Yin é a origem do Yang e o Yang é a origem do Yin. É um símbolo ideal para representar dualidades como necessárias para a nossa existência e sobrevivência: a alternação necessária da escuridão (preto) e da claridade (branco), que representam os dias e as noites, e tudo e o nada, o sim e o não, o alto e o baixo, o certo e o errado, o nascimento e a morte, etc.


Fontes: 
  • "Origins of Religions" ("Origens das Religiões"), de Robert Broun (*);
  •  "Case Study 2: korea" ("Estudo de Caso 2: Coréia"), de Harvie Conn (*); 
  • Enciclopédia Conhecer - Vol. II - Série Verde - Editora Abril - São Paulo, SP (Brasil)

    (*) "The World's Religions" - Lion Handbooks - Londres, Inglaterra.

    Robert Brow é um teólogo de Princeton, Canadá, autor de vários livros sobre religiões.
    Harvie Conn foi professor no Seminário Teológico de Westminster, em Philadelfia (Estados Unidos).

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