quinta-feira, 19 de junho de 2014

Teologia e Ciência da Religião

Se já existe a teologia,
por que há também
a ciência da religião?



Esta é uma pergunta que tem sido feita por muita gente, principalmente  jovens, desde que algumas universidades brasileiras começaram a introduzir a ciência da religião entre os cursos que elas oferecem. Uma delas é a Universidade Federal do Espírito Santo, que está oferecendo vagas para ciência da religião este ano. Há, no entanto, diferenças significativas entre as suas coisas.
"Teologia" é uma palavra oriunda de duas palavras gregas: "theos" ("deus") e "logos" ("estudo"). Significa o estudo relacionado às crenças em Deus ou em deuses, mas não necessariamente sob o ponto de vista religioso. É o estudo das doutrinas e de sistemas particulares de crenças religiosas. Portanto, a teologia judaica se diferencia da teologia cristã, ambas são diferentes da teologia islâmica, e assim por diante. A primeira pessoa a utilizar a palavra "teologia", pelo menos que se saiba até hoje, foi o filósofo grego Platão (428 a.C./348 a.C.), mas o conceito já existia anteriormente. Na verdade a teologia é o estudo do ente em relação ao ser, considerando, portanto, que "ente" e "ser" não são a mesma coisa. O "ente", neste caso não considerado apenas como um indivíduo, mas o conjunto de tudo que existe, incluindo figuras abstratas como virtudes, imperfeições, sentimentos, etc., e coletivos que envolvem pessoas, tais como Estado, sociedade, comunidade, etc. Porém, a teologia sempre estuda essas categorias relacionando-as com as crenças das pessoas ligadas a elas em seus deuses ou divindades. Lembre-se sempre: "deus" e "divindade" são coisas diferentes. Para citar um exemplo disto, os católicos acreditam em um Deus e em várias divindades (santos e anjos). Portanto, divindades são seres aos quais são atribuídos poderes divinos, mas não chegam a ser comparados com deuses.
O ser é um dos conceitos fundamentais da tradição filosófica ocidental. Assume quatro significados diferentes, também baseados nos ensinamentos de Platão: a existência, exprimindo o fato de que o ser existe; a identidade, que distingue algo ou alguém em relação a si mesmo e a outras coisas ou pessoas; a predicação, que exprime as características específicas de uma pessoa ou um objeto (por exemplo, a cor vermelha de uma maçã, uma pessoa identificada por uma cicatriz no rosto, etc.), e o veritativo, que é a distinção entre o verdadeiro e o falso. Desta forma, o verbo "ser" passa a significar a verdade de uma proposição. 
A ciência da religião reúne métodos de investigação científica das crenças religiosas baseando-se numa estrutura formada por outras ciências: a sociologia, a antropologia, a psicologia, a história e a teologia. O cientista da religião investiga empiricamente (isto, buscando o conhecimento a partir de experiências) uma determinada religião em todas as suas manifestações. Por isto é muito importante que o cientista tenha uma posição neutra em relação à religião estudada, mas não tem que ser um ateu. Em seus estudos ele não questiona nem pode questionar a "verdade" ou a "qualidade" da religião.
O objetivo do cientista da religião é fazer um inventário bem abrangente de fato reais acerca da religião, relacionando-os a um histórico do surgimento e do desenvolvimento da religião estudada e das influências desses elementos em outras áreas da vida. Isto leva ao estabelecimento de semelhanças e diferenças entre as religiões, o que permite a definição de elementos dos fenômenos religiosos universais e particulares.

Fontes: 
  • "The Study of Religion" ("O Estudo da Religião"), de Douglas Davies - em "The World's Religions" ("As Religiões do Mundo"), editora Lion Publishing - Inglaterra. 
  • "Neurociências e Religião: interfaces", de Edênio Valle - Revista de Estudos da Religião - edição de março de 2007 - Pontifícia Universidade Católica (PUC).


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